Nunca choveu tanto em um mês de novembro em Santa Catarina
Um milhão e meio de pessoas foram atingidas pelos temporais no estado. Já são 64 mortos. O maior porto do estado fechou, milhares de famílias perderam as casas, crianças estão sem aulas e a chuva não dá trégua. Numa fração de segundos o barranco foi abaixo em Florianópolis, 150 metros de pista cobertos por terra.
As equipes de resgate trabalham há mais de 24 horas na montanha de 10 metros, mas por enquanto foi encontrado apenas um caminhão. Não há sinais do motorista.
“Estamos trabalhando em uma área sujeita a novos deslizamentos”, explica um integrante da equipe de resgate.
Em Blumenau o estrago é tão grande que a defesa civil do estado não ainda conseguiu calcular o número de casas destruídas. Um cinegrafista amador flagrou o momento exato em que uma residência é atingida. Em outro ponto da cidade 11 casas foram soterradas por uma encosta ontem à noite. Cinco corpos foram retirados. “A gente só escutou o barulho, por volta das 23h, daí veio tudo pra baixo”, conta um morador. A terra que desceu com a chuva também atingiu a casa de Fernanda. Em poucos minutos estava tudo destruído. “Dói, sabe?”, chora a moradora.
Oito municípios catarinenses estão isolados por causa da chuva, dois na Grande Florianópolis, dois no norte do estado e quatro no Vale do Itajaí. "Essa é a maior tragédia climática que já tivemos em Santa Catarina", diz Luiz Henrique da Silveira, governador.
A BR-101, principal ligação com o Rio Grande do Sul está bloqueada há mais de 48 horas no município da Palhoça e no trecho que liga ao Paraná, em Garuva.
Em Florianópolis a chuva rompeu uma adutora e prejudicou o abastecimento de água em vários nos municípios da região. Postes desabaram em todo o estado, 150 mil pessoas estão sem energia elétrica. Quase 300 escolas suspenderam as aulas por tempo indeterminado, muitas são usadas como alojamento para abrigar as vítimas da enchente.
A ajuda começa a chegar, cinco mil cestas básicas e 12 mil colchões partiram do Rio Grande do Sul em carretas. O Governo Federal mandou helicópteros para ajudar no resgate das vítimas. Aviões da Força Aérea Brasileira trazem cobertores e cestas básicas. O maior desafio agora é fazer com que tudo isso chegue até as vítimas da enxurrada.
No início da noite, a defesa civil de Santa Catarina abriu uma conta bancária para receber doações.
Fonte: g1.globo.com/jornaldaglobo
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Texto 2
A destruição e os óbitos proporcionados pela enchente que devasta a região Leste de Santa Catarina voltaram a pautar a sessão ordinária da Assembléia Legislativa. Desta vez, porém, o assunto direcionou-se para a apreciação do Código Ambiental, instrumento que pode, a partir de seus encaminhamentos, impedir ou diminuir o impacto de novas catástrofes, bem como piorar as conseqüências de desastres futuros.
Neste sentido, o deputado Pedro Uczai (PT) fez uma avaliação contundente. Para ele, "é uma pena que seja preciso um acontecimento desta magnitude para que façamos uma discussão mais aprofundada da questão ambiental”. O parlamentar afirmou que desmatamentos, construções em locais irregulares, plantações em áreas de risco e ausência de mata ciliar nos leitos de rios são alguns dos motivos que deram a esta enchente caráter tão grave. "Estamos apreciando um projeto de Código Ambiental que desrespeita a Lei Federal e compromete o futuro da população catarinense", avaliou Uczai.
Fazendo coro aos argumentos do líder de seu partido na Casa, o deputado Jailson Lima (PT) disse que esta enchente é, além de um desastre natural, "um grito da natureza pedindo socorro e nos alertando das nossas responsabilidades. "Todos os núcleos de estudo concluem que o descaso do poder público permitiu construções em regiões irregulares, desrespeitando as características do solo e do meio-ambiente. Não basta ser solidária, a Assembléia precisa ter responsabilidade nas questões que influenciam o meio-ambiente", alegou o petista.
Extraído de: Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina 27 de Novembro de 2008
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Texto 3
Enchentes em SC 'são reflexo de mudanças na Amazônia', diz 'Clarín'
As enchentes em Santa Catarina, que mataram dezenas de pessoas e deixaram milhares desabrigadas, são sinal de que o impacto do aquecimento global sobre a Amazônia já está tendo um reflexo sobre o clima da América do Sul, diz artigo na edição desta terça-feira do jornal argentino, Clarín.
"Começa então a se cumprir, muito antes do previsto, o que vêm advertindo os cientistas, entre eles os do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas. (...) As mudanças na floresta amazônica, em conseqüência do aquecimento global e da ação destrutiva do homem, já começaram a se fazer sentir no Cone Sul", diz o diário.
"As tempestades em Santa Catarina, simultaneamente às fortes secas no Chaco, em Buenos Aires, La Pampa, Santa Fé e Córdoba" são citados pelo artigo como reflexos de mudanças na Amazônia.
O Clarín ouviu dois especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) para explicar o fenômeno.
Segundo o jornal, "o físico Antônio Ozimar Manzi afirmou: 'Esta zona (que inclui a selva no Brasil e mais outros oito países da região) é a principal fonte de precipitações na região'. E tudo o que acontecer modificará de maneira decisiva o clima no sul e no norte da América do Sul".
Paulo Artaxa, também ouvido pelo jornal argentino, explica que "no céu da Amazônia há um sistema eficaz de aproveitamento do vapor d'água (...) mas a fumaça dos incêndios florestais altera drasticamente este mecanismo: diminui a formação de nuvens e chuvas em algumas regiões e aumenta as tempestades em outras".
O Clarín conclui que "não é de se estranhar fenômenos como as inundações de Santa Catarina quanto a seca no norte, centro e leste da Argentina". "Não são castigos divinos, mas bem humanos."
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