sábado, 31 de maio de 2008

Acordo ortográfico

Parlamento português aprova acordo ortográfico
A implantação da reforma no Brasil era adiada devido à não-adesão de Portuga. Entre as novas regras, estão o fim do trema e do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" em palavras paroxítonas, como "idéia"O parlamento português aprovou ontem o acordo ortográfico da língua portuguesa já ratificado por Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
Em tese, mesmo sem a aprovação de Portugal, as novas normas já estariam em vigor no Brasil, porque para isso bastam as assinaturas de três países daCPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). A implantação da reforma ortográfica, porém, estava sendo adiada devido à não-adesão de Portugal. Agora, o país europeu estabeleceu um prazo de seis anos para a adaptação de livros e provas de concurso público, entre outros.
O acordo foi firmado em 1990. Em 1995, o Congresso brasileiro o aprovou. Agora, a implantação definitiva depende só de um decreto do presidente Lula, ainda sem data.O MEC (Ministério da Educação) informou, via assessoria de imprensa, que, na semana que vem, o ministro Fernando Haddad irá procurar o seu par no governo português para definir um cronograma conjunto. No Brasil, porém, o prazo de adaptação será mais curto.
Recentemente, oMEC determinou que, em 2010, os livros didáticos de escolas públicas játerão de estar adaptados. As editoras podem começar a mudança já no anoque vem. O ministério irá definir também um cronograma para a implantação das novas regras em outros suportes, como livros de literatura e dicionários.
Entre as novas regras, estão o fim do trema, do acento agudo nos ditongosabertos "ei" e "oi" em palavras paroxítonas, como "idéia" e "jibóia", e do acento diferencial para distinguir o verbo "pára" da preposição "para".Também deixarão de existir consoantes mudas ainda usadas em Portugal("óptimo").
A reforma causou polêmica em Portugal. Nesta semana, um abaixo-assinado contrário a ela obteve 33 mil adesões. Um dos motivos para que Portugal demorasse a aprovar o acordo, que é de1990, foi a pressão das editoras nacionais, que tinham medo de perder mercado para as brasileiras. Editoras brasileiras ouvidas pela Folha, porém, dizem que ainda há dificuldades para entrar nos mercados africano e português, como as diferenças de vocabulário e de currículo.
MEC treinará professor para a reforma ortográfica
Na opinião do presidente da ABL, mudança será boa para os 2 países. Professores afirmam que não deve haver dificuldades e prevêem um períodode três anos para adaptação às novas regras ortográficas.
Após ser informado de que o parlamento português havia aprovado o acordo ortográfico, o ministro Fernando Haddad (Educação) deu ordem para a Secretaria de Educação Básica, do próprio do ministério, estabelecer um cronograma para o treinamento dos professores da educação básica. O MEC estuda a elaboração de uma cartilha com o novo vocabulário. Na opinião do presidente da ABL (Academia Brasileira de Letras), CíceroSandroni, o acordo é bom para os dois países. "São 10 milhões de pessoasem Portugal e mais de 180 milhões no Brasil, e os livros portugueses não são bem-vindos no Brasil. Para eles, é um mercado enorme, e para nós também será ótimo", afirmou.
Para o ex-presidente da ABL, Marcos Vilaça, "a simplificação do emprego do idioma vai possibilitar o incremento das relações culturais". Professores ligados ao ensino fundamental e médio consultados pela Folha disseram acreditar que não haverá grandes dificuldades de adaptação à reforma ortográfica, já que ela não altera de forma profunda o português utilizado no Brasil."As mudanças não serão grandes e algumas já deveriam ter ocorrido anteriormente. O trema, por exemplo, praticamente nem se usa.
Além disso, os meios de comunicação estão divulgando bem e os professores acompanham", disse Carlos Ramiro, presidente do Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo).
José Eduardo Botelho de Sena, professor da escola Internacional de Alphaville, em Barueri (Grande SP), também acredita que as mudanças serão recebidas com facilidade."Não é um acordo que vai mudar a língua portuguesa, apenas a representação gráfica", afirmou. "Tenho uma preocupação do efeito que pode ter com vestibulandos, porque pode surgir um temor em torno da adaptação. Mas um aluno do primeiro ano do ensino médio que aprenda agora, ao final dos três anos, vai estar absolutamente tranqüilo."O professor afirmou que um prazo adequado para a adaptação das escolas é de até três anos. O período é o mesmo considerado por Maria Paula ParisiLauria, assessora de língua portuguesa da escola Nossa Senhora das Graças(Gracinha), de São Paulo.
A escola, segundo Lauria, ainda não definiu quando vai começar a aplicaras alterações nem como ela será feita. A proposta é reunir todos os professores especialistas na área e os do ensino fundamental que trabalham com português para debater as mudanças.
"Acho que vamos conviver por um tempo com a antiga grafia e as novas regras. Acredito que vamos para a mudança efetiva a partir do momento em que os impressos [como livros e jornais] forem aparecendo com os novos acentos."
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1705200827.htm

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